Sugestão:
MÚSICA, MATEMÁTICA E CIÊNCIAS : UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR
Nesta
edição, procurando atender aos professores de música que trabalham em escolas
de Educação Fundamental, com crianças e adolescentes, e necessitam de
orientação para trabalhar com a pedagogia de projetos, farei uma abordagem
interdisciplinar da música. A proposta tem como referência as orientações
contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Fundamental (PCN),
das áreas de Ciências Naturais, Matemática e Arte.
De
acordo com os PCN – Ciências Naturais, o papel das Ciências Naturais é o de
colaborar para a compreensão do mundo e suas transformações, situando o homem
como indivíduo participante e integrante do Universo. Apesar de os PCN
apresentarem como proposta o estudo das Ciências Naturais em 4 blocos temáticos
(Ambiente, Ser humano e Saúde, Recursos tecnológicos, Terra e Universo), estes
não se encontram dissociados em suas abordagens. Os temas visam facilitar o
tratamento interdisciplinar das Ciências Naturais, considerando-os a partir do
contexto social e da vivência cultural da comunidade escolar. Partindo do
pressuposto que o homem encontra-se mergulhado num universo sonoro e que o
estudo dos fenômenos acústicos são do domínio das Ciências, encontra-se a
pertinência do estudo interdisciplinar da Música e das Ciências.
Os
PCN de Matemática destacam que “a matemática deverá ser vista pelo
aluno como um conhecimento que pode favorecer o desenvolvimento do seu
raciocínio, de sua capacidade expressiva, de sua sensibilidade estética e de
sua imaginação”. (2000, p.31) Indubitavelmente, a música e a
matemática sempre foram domínio um do outro desde os tempos de Pitágoras. Assim
como a matemática favorece a capacidade expressiva, a sensibilidade estética e
a imaginação, “...o universo da arte caracteriza um tipo particular de
conhecimento que o ser humano produz a partir das perguntas fundamentais que
desde sempre se fez com relação ao seu lugar no mundo”. (PCN-Arte,
2000, p.32).
Segue
uma série de sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas em sala de
aula. Cada atividade deve ser vivenciada e discutida com o grupo participante,
acerca dos conteúdos abordados em cada disciplina e registrados de acordo com
cada proposta. A percepção dos conteúdos dependerá da série e da idade dos
participantes, bem como do conhecimento prévio de cada grupo. As atividades
podem ser adaptadas de acordo com os objetivos do professor e adequadas às
situações específicas de acordo com a necessidade.
1) Vamos brincar
(aquecimento) - Jogo atenção, concentração.
Sentados em roda, os participantes
são numerados em ordem crescente e em sentido horário. Todos devem realizar
simultaneamente os seguintes movimentos: bater as mãos nas pernas H ,
bater uma palma I, estalar os dedos da mão direita F falando o
seu número e em seguida, estalar os dedos da mão esquerdaE falando outro
número, “chamando” outro participante, que dará continuidade ao jogo. O verso a
seguir marca a pulsação do grupo: atenção, concentração, ritmou,
vai começar
H I F E
H I F E
(
1 ) ( 12
) (
12 ) ( 5 )
Falar o verso só uma vez para que todo o grupo realize os movimentos de
forma sincronizada. Manter a seqüência de movimentos até alguém errar, não
respondendo ao chamado do seu número, quebrando a seqüência do jogo.
( N ) refere-se ao número atribuído a cada participante antes do jogo
começar e está colocado no momento em que deve ser falado, sincronizando-o ao
movimento proposto.
2) O que é
pulsação? Os sons do corpo humano.
Pedir para um aluno sair da sala e
correr pelo pátio até que alguém vá chamá-lo. Enquanto isso, perguntar para a
turma, se alguém sabe o que é pulsação. Ensinar a perceber o pulso (colocando
os dedos indicador e médio sobre o pulso) e contar quantas pulsações tem no
intervalo de um minuto, anotando em seguida numa folha de papel. Chamar o aluno
que estava correndo no pátio de volta à sala. Pedir a esse aluno que coloque a
mão em seu próprio peito e imite o som que seu coração produz e em seguida
coloque a mão no peito de um colega da sala e comparando, descreva o som do
coração deste colega. Os alunos que ficaram na sala de aula, devem ensinar para
o aluno que saiu, como achar o pulso, para que ele também tome nota das
pulsações por minuto. Comparar e discutir os resultados, ampliando a discussão
para assuntos referentes ao funcionamento do organismo humano, saúde, tempo,
medidas, proporção, etc.
3) Higiene vocal
– Enquanto o professor conta a história, os alunos devem realizar com
a voz, os sons propostos.
Pedrinho estava dormindo (inspirar e
expirar – bebê dormindo), quando foi acordado pelo telefone tocando
(trrrrrrrrr), levantou num sobressalto e correu para atender. O telefone parou
de tocar. Pedrinho resolveu tomar um banho e abriu o chuveiro (shhhhhhh).
Terminado o banho, resolveu pegar a sua moto e sair para passear (brrrrrrrr).
De repente, surge uma ambulância na sua frente (IUIUIU). Desviou e desceu a rua
(uooooooo) e depois subiu (uoooooooo). Chegou em casa, abriu a porta, bocejou e
foi dormir.
4) Como as
pessoas falam e como cantam?
Mostrar a relação entre o movimento
de encher os balões e o funcionamento do aparelho respiratório e fonatório.
Estique entre os dedos o “pescoço” de um balão cheio de ar. Quando o ar escapa,
faz o pescoço vibrar e produzir um chiado. Mude a altura desse chiado esticando
ou afrouxando os dedos. O pescoço do balão age como as cordas vocais, e seus
dedos agem como os músculos da laringe. Explique que a qualidade e a saúde da
voz depende do modo como respiramos. Trabalhe a respiração abdominal e
intercostal. Demonstre a respiração, deitando-se no chão e colocando um
bichinho de pelúcia sobre a barriga para que os alunos possam ver o movimento
da respiração abdominal e compare esse movimento com a respiração do bebê ou de
um cachorrinho dormindo. Ensine uma canção.
5) Adição e multiplicação rítmica
Prepare pequenos cartões, cada um
com um número escrito (você pode utilizar também um jogo de
baralho). Divida a classe em dois ou mais grupos. Um aluno de um grupo retira
do monte um cartão e executa com palmas o número indicado. Outra criança retira
outra carta e repete o procedimento. O grupo adversário apresenta a resposta
escrevendo na folha de papel. Você pode dificultar o jogo, propondo uma pequena
equação (que deve ser escrita na lousa), como por exemplo:
____+____×____+____+____×____=____
Cada grupo pode ser composto, nesse caso, por seis alunos, no qual cada
um retira uma carta e executa o número indicado na carta com palmas (para
dificultar ainda mais, cada aluno pode executar as palmas com intervalo de
tempo diferente entre uma palma e outra, constituindo uma célula rítmica). O
grupo que resolver primeiro a equação ganha um ponto. O professor deve propor
várias equações para tornar o jogo mais interessante. Ao final, ganha o grupo
que tiver o maior número de acertos, ou melhor, todos saem ganhando, já que
jogar possibilita a aprendizagem lúdica e abre espaço para novas aprendizagens
a partir do contexto em que se realiza.
Fonte: (Publicado na Revista cenário Musical n.7 - abril/maio 2007 - ed.HMP)
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